quinta-feira, 30 de maio de 2013

As plantas sentem dor, medo, etc.?





A mente oculta das plantas
A ciĂªncia descobre o surpreendente domĂ­nio
da consciĂªncia vegetal
Por José Tadeu Arantes
jtadeu@edglobo.com.br

Foto Kirlian de uma folha. ApĂ³s dĂ©cadas de pesquisas, os cientistas ainda nĂ£o chegaram a uma explicaĂ§Ă£o convincente para o halo luminoso que aparece em volta dos objetos
As plantas sĂ£o capazes de perceber agressões Ă  vida praticadas do outro lado da parede. E parecem ter consciĂªncia atĂ© mesmo de intenções ocultas na mente humana. Essa fantĂ¡stica revelaĂ§Ă£o — que foi tema do livro A Vida Secreta das Plantas, de Peter Tompkins e Christopher Bird, e inspirou o Ă¡lbum de mesmo nome do compositor e cantor Steve Wonder — vem sendo confirmada por pesquisas cientĂ­ficas realizadas no Brasil. Ela faz parte de um conjunto de descobertas que deverĂ¡ revolucionar a visĂ£o de mundo do prĂ³ximo sĂ©culo e apontam para um relacionamento mais harmonioso entre o homem e a natureza.
Os xamĂ£s — homens de conhecimento das comunidades prĂ©-histĂ³ricas — jĂ¡ sabiam que, por trĂ¡s de seu aparente torpor, as plantas possuem uma vida secreta, cheia de percepções e atividades. Esse mundo oculto foi contactado, desde entĂ£o, por visionĂ¡rios de diferentes Ă©pocas e lugares, como o mĂ­stico alemĂ£o Jacob Boehme (1575-1624), que dizia ser capaz de penetrar a consciĂªncia das plantas.
A ciĂªncia materialista, porĂ©m, preferiu descartar esse tema, que desafiava sua limitada descriĂ§Ă£o da realidade. Ele co ntinuaria provavelmente ignorado se, em 1966, uma descoberta casual nĂ£o tivesse rompido essa conspiraĂ§Ă£o de silĂªncio. Naquele ano, Cleve Backster, entĂ£o o maior especialista americano em detecĂ§Ă£o de mentiras, teve a estranha idĂ©ia de fixar os eletrodos de um de seus detectores numa folha de dracena, espĂ©cie tropical utilizada como planta ornamental.
Ele foi movido pela simples curiosidade, mas o que encontrou abalaria os fundamentos da visĂ£o de mundo dominante. Backster suspeitava que a planta reagisse a agressões reais Ă  sua integridade fĂ­sica. Mas nĂ£o podia imaginar que a simples idĂ©ia dessas agressões provocasse saltos violentos nos grĂ¡ficos traçados pelo aparelho. Pois foi exatamente o que aconteceu quando ele pensou em queimar uma das folhas da dracena.
E voltou a acontecer quando se aproximou dela com uma caixa de fĂ³sforos, disposto a levar sua intenĂ§Ă£o Ă  prĂ¡tica. A planta parecia ler o seu pensamento e sabia distinguir as ameaças reais da mera simulaĂ§Ă£o.
Sem querer, Backster abrira a porta que dava entrada a uma realidade totalmente inesperada — e desconcertante.
A grande novidade do experimento foi ter propiciado um acesso direto Ă s percepções das plantas sem a intermediaĂ§Ă£o de sensitivos humanos: nĂ£o era preciso ser paranormal para contactar o mundo da consciĂªncia vegetal. Esse ponto de vista foi reforçado, em julho Ăºltimo, por uma pesquisa feita na Universidade de Gant, na BĂ©lgica.
Valendo-se de imagens em infravermelho, o pesquisador Dominique van der Straeten e sua equipe descobriram que as folhas de tabaco tĂªm a capacidade de reagir com uma espĂ©cie de febre quando infectadas por certos tipos de vĂ­rus. Como relatado no jornal Nature Biotechnology, as folhas sofreram um aumento de temperatura de atĂ© 0,4 grau Celsius, oito horas antes dos efeitos dos vĂ­rus se manifestarem, num processo "fisiolĂ³gico" semelhante ao do corpo humano.
PercepĂ§Ă£o bĂ¡sica Atento a tais descobertas, um brasileiro resolveu fazer uma investigaĂ§Ă£o parecida. Trata-se do engenheiro Arlindo Tondin, mestre em eletrĂ´nica pela Universidade de Nova York e um dos fundadores da Faculdade de Engenharia Industrial, de SĂ£o Bernardo do Campo, SP.

O engenheiro Arlindo Tondin fixa eletrodos numa planta. A foto foi realizada no LaboratĂ³rio de Metrologia ElĂ©trica da FEI, em SĂ£o Bernardo do Campo, SP. O local Ă© blindado eletricamente para eliminar a influĂªncia dos ruĂ­dos externos
Tondin fixou eletrodos prĂ³ximo Ă  raiz e num dos galhos de um limoeiro. "Verifiquei que havia, entre os dois pontos, uma diferença de potencial elĂ©trico da ordem de microvolts", informa. "Eu jĂ¡ desconfiava que a ascensĂ£o da seiva estivesse associada a um fenĂ´meno elĂ©trico e, para confirmar isso, liguei aos eletrodos uma pilha de 1,5 volt, de modo a intensificar a corrente na regiĂ£o. Resultado: os frutos do galho onde estava o eletrodo ficaram maiores e amadureceram mais rĂ¡pido que os demais."
Estava provada a tese da seiva. O prĂ³ximo passo era averiguar como as agressões externas afetavam a corrente elĂ©trica que circula na planta. Para isso, o engenheiro utilizou um osciloscĂ³pio de raios catĂ³dicos de alta sensibilidade. "Conectei o osciloscĂ³pio aos eletrodos e, com uma vela, comecei a queimar algumas folhas. A resposta foi quase imediata: a imagem da tela do osciloscĂ³pio, que estava estacionĂ¡ria, passou a apresentar intensas variações." Tondin espantou-se com a reaĂ§Ă£o provocada por seu ato. "Comecei a questionar atĂ© que ponto eu tinha o direito de agredir o vegetal e a natureza. E resolvi interromper a pesquisa."
O engenheiro convenceu-se da seriedade dos experimentos descritos em A Vida Secreta das Plantas. Num deles, tambĂ©m realizado por Backster, trĂªs plantas reagem Ă  matança de camarões, cometida numa outra sala. Essa investigaĂ§Ă£o foi conduzida com os cuida dos que caracterizam as melhores pesquisas cientĂ­ficas:
  1. foram escolhidos, como vĂ­timas, animais de grande vitalidade, pois jĂ¡ tinha sido notado que seres doentes ou a caminho da morte nĂ£o eram capazes de estimular as plantas a distĂ¢ncia;
  2. para evitar que a subjetividade dos pesquisadores influĂ­sse nos resultados, os camarões eram despejados numa vasilha de Ă¡gua fervente por um mecanismo automĂ¡tico, longe das vistas de qualquer ser humano;
  3. eliminaram-se as possibilidades de que o prĂ³prio funcionamento do mecanismo ou eventuais perturbações eletromagnĂ©ticas afetassem a forma dos grĂ¡ficos;
  4. as plantas, monitoradas por detectores, foram colocadas em trĂªs salas diferentes, submetidas Ă s mesmas condições de temperatura e iluminaĂ§Ă£o.
A anĂ¡lise dos grĂ¡ficos mostrou que as plantas reagiam intensa e sincronizadamente Ă  morte dos camarões — numa proporĂ§Ă£o que excluĂ­a qualquer hipĂ³tese de uma flutuaĂ§Ă£o puramente casual das variĂ¡veis elĂ©tricas. Backster sentiu-se respaldado para formular a tese de que os vegetais, como todo organismo vivo, dispõem de uma percepĂ§Ă£o primĂ¡ria que lhes permite detectar, a distĂ¢ncia, qualquer agressĂ£o Ă  vida.
O
rganismos complexos
 
Apesar de sua aparĂªncia simples, as plantas sĂ£o organismos altamente complexos. Uma planta pequena, como o pĂ© de centeio, possui nada menos que 13 milhões de radĂ­culas em sua raiz. Estas sĂ£o formadas, por sua vez, de 14 bilhões de filamentos, que, se fossem enfileirados um apĂ³s o outro, cobririam uma extensĂ£o de 11 mil quilĂ´metros, quase a distĂ¢ncia de um pĂ³lo a outro.
Toda planta Ă© dotada de uma malha elĂ©trica em equilĂ­brio. Nas Ă¡rvores, a corrente elĂ©trica sobe pelo anel externo e desce pelo anel central. Como demonstrou a pesquisa do brasileiro Arlindo Tondin, essa corrente estĂ¡ associada ao fluxo da seiva.


A mente oculta das plantas
A ciĂªncia descobre o surpreendente domĂ­nio
da consciĂªncia vegetal
Os corpos sutis 

Jaqueira tratada com acupuntura: frutificaĂ§Ă£o exuberante
Se, no homem, essa percepĂ§Ă£o bĂ¡sica nem sempre parece ocorrer, isso se deve ao filtro dos cinco sentidos, Ă  força do pensamento racional, que obscurece as demais funções psĂ­quicas, e a todo um condicionamento cultural, que determina o que deve ou nĂ£o deve ser percebido. Como provaram outros experimentos, essa percepĂ§Ă£o a distĂ¢ncia nĂ£o Ă© bloqueada por dispositivos de blindagem elĂ©trica, como a gaiola de Faraday, nem por paredes de chumbo.
E Backster chegou a cogitar que ela nĂ£o se limitaria aos organismos complexos, mas poderia descer aos nĂ­veis celular, molecular, atĂ´mico e atĂ© mesmo subatĂ´mico, perpassando toda a existĂªncia. Essa opiniĂ£o ousada apresenta fortes afinidades com a hipĂ³tese da ressonĂ¢ncia mĂ³rfica, do biĂ³logo inglĂªs Rupert Sheldrake, e com as revolucionĂ¡rias descobertas sobre a consciĂªncia do psiquiatra checo Stanislav Grof (leia as reportagens "RessonĂ¢ncia mĂ³rfica: a teoria do centĂ©simo macaco" e "ConsciĂªncia sem limites", em Galileu, nĂºmeros 91 e 94, respectivamente).
Em outras palavras, cada planta — para nĂ£o dizer cada ente material — estaria associada a um invisĂ­vel e impalpĂ¡vel campo de consciĂªncia. Tal idĂ©ia, que vem ganhando adeptos entre os cientistas de vanguarda, converge com a visĂ£o de todas as grandes tradições espirituais da humanidade. Estas sĂ£o unĂ¢nimes em considerar a consciĂªncia como um dado primĂ¡rio da existĂªncia e afirmam que, alĂ©m de seus corpos fĂ­sicos, os entes materiais sĂ£o constituĂ­dos por uma sĂ©rie de "corpos sutis", encaixados uns dentro dos outros como bonecas russas.
As percepções descobertas por Backster e seus sucessores configurariam um esboço ou embriĂ£o daquilo que algumas tradições chamam de "corpo mental". Entre esse nĂ­vel mais alto e o fĂ­sico, as plantas, como todos os seres vivos, possuiriam um corpo intermediĂ¡rio, constituĂ­do pela rede de canais por onde flui a chamada "energia vital" (que corresponde ao prana dos indianos e ao qi dos chineses). Esse "corpo vital" Ă© o objeto de prĂ¡ticas mĂ©dicas como a acupuntura, que se destinam a desobstruir os canais e regularizar o fluxo da energia.
Vantagem econĂ´mica
A acupuntura em plantas vem sendo praticada com sucesso pelo mĂ©dico Evaldo Martins Leite, presidente da AssociaĂ§Ă£o Brasileira de Acupuntura. Ele orientou, hĂ¡ cinco anos, uma pesquisa cientĂ­fica rigorosa, realizada pelo biĂ³logo Alexandre EustĂ¡quio de Sena, na PontifĂ­cia Universidade CatĂ³lica de Belo Horizonte, MG. Sena dividiu uma plantaĂ§Ă£o de feijĂ£o em duas partes iguais, tratando uma com acupuntura e mantendo a outra como grupo de controle. As plantas submetidas Ă  acupuntura desenvolveram maior nĂºmero de vagens, maior quantidade de grĂ£os em cada vagem e maior peso por grĂ£o.
"Como ocorre nos homens e animais, os problemas de saĂºde que afetam os vegetais decorrem de um perturbaĂ§Ă£o na circulaĂ§Ă£o e distribuiĂ§Ă£o do qi, a energia vital", explica Evaldo Martins Leite. "Isso resulta de um desequilĂ­brio dos princĂ­pios yang e yin (masculino e feminino)." O acupunturista ensina que as Ă¡reas de ramificaĂ§Ă£o das plantas — isto Ă©, onde os galhos saem dos troncos ou os ramos saem dos galhos — sĂ£o regiões de concentraĂ§Ă£o de qi.
Os Ă¢ngulos externos formados nesses lugares sĂ£o yang e os internos, yin. "A energia yang Ă© responsĂ¡vel pelo crescimento da planta. A yin, pela produĂ§Ă£o de flores, frutos e sementes. A introduĂ§Ă£o de pregos, agulhas ou a simples raspagem das Ă¡reas correspondentes estimula um ou outro princĂ­pio e promove a funĂ§Ă£o regida por ele", informa o acupunturista. NĂ£o Ă© possĂ­vel ativar as duas funções ao mesmo tempo.
A energia Ă© uma sĂ³: se ela for desviada para o crescimento, a produĂ§Ă£o de frutos cairĂ¡, e vice-versa. Mas as vantagens — inclusive econĂ´micas — oferecidas pela acupuntura em vegetais sĂ£o importantes demais para serem tratadas como simples curiosidade.
Na Bahia, estĂ¡ em curso uma pesquisa visando aumentar a produĂ§Ă£o de lĂ¡tex nas seringueiras e o enraizamento dos toletes de cana-de-aĂ§Ăºcar destinados ao plantio. Reconhecendo as dimensões sutis do mundo vegetal, o homem poderĂ¡ estabelecer com ele um novo tipo de relacionamento, vantajoso para ambos.

Anote
Para ler:A Vida Secreta das Plantas, de Peter Tompkins e Christopher Bird, Ed. ExpressĂ£o e Cultura-Exped, Rio de Janeiro (0XX21) 532-5930

 
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