segunda-feira, 22 de abril de 2013

MAIS UMA VEZ OS GRINGOS PEGAM OS MELHORES EMPREGOS: 'IndĂºstria do petrĂ³leo leva 50 mil estrangeiros ao Brasil em trĂªs anos'


O crescimento da indĂºstria petrolĂ­fera no Brasil, aquecida com as recentes descobertas de petrĂ³leo e gĂ¡s nos Ăºltimos anos, estĂ¡ fazendo com que o Brasil 'importe' um nĂºmero cada vez maior de estrangeiros com alta qualificaĂ§Ă£o para trabalhar no setor.

Um levantamento feito pela BBC Brasil com a CoordenaĂ§Ă£o Geral de ImigraĂ§Ă£o (CGIg), que faz parte do MinistĂ©rio do Trabalho em Emprego (MTE), mostra que 49.801 profissionais de paĂ­ses como a GrĂ£-Bretanha, Estados Unidos, Noruega, Holanda e França entraram no Brasil entre 2010 e 2012 para trabalhar no setor de petrĂ³leo e gĂ¡s.

O nĂºmero, que Ă© o mais recente divulgado pelo MTE, coloca o setor petrolĂ­fero na liderança da emissĂ£o dos vistos para estrangeiros no paĂ­s, o que representa 25% de todas as permissões de trabalho temporĂ¡rias e permanentes no perĂ­odo, dentro de uma abrangĂªncia de 15 atividades econĂ´micas diferentes.

Em 2011, a atividade petrolĂ­fera registrou um boom com a contrataĂ§Ă£o de mais de 23 mil engenheiros e tĂ©cnicos da Ă¡rea de petrĂ³leo e gĂ¡s, dado que Ă© quase dez vezes maior ao registrado em 2006, quando apenas 2.645 profissionais de outros paĂ­ses entraram no Brasil para atuar em empresas do setor.

Apesar de indicar uma pequena desaceleraĂ§Ă£o, o ano de 2012 viu quase 17 mil permissões de trabalho sendo concedidas nas Ă¡reas ligadas ao petrĂ³leo.

Para o superintendente da OrganizaĂ§Ă£o Nacional da IndĂºstria do PetrĂ³leo (Onip), Paulo Buarque de Macedo GuimarĂ£es, o trabalho de estrangeiros na indĂºstria petrolĂ­fera brasileira estĂ¡ diretamente ligado Ă  falta de mĂ£o de obra brasileira qualificada para atuaĂ§Ă£o no setor.

'A demanda por profissionais qualificados no setor petrolĂ­fero Ă© um assunto que nos preocupa hĂ¡ muito tempo', disse ele Ă  BBC Brasil.

'O fato de estrangeiros estarem repondo os brasileiros nesse mercado nĂ£o Ă© bom para a economia.'
'Uma empresa chega a pagar, alĂ©m do salĂ¡rio, mais de US$ 100 mil para manter um profissional estrangeiro e sua famĂ­lia no paĂ­s. Seria muito mais competitivo contratar um profissional brasileiro, que estĂ¡ criticamente em falta no PaĂ­s', disse GuimarĂ£es Ă  BBC Brasil.

Pré-sal

A entrada de estrangeiros para atuarem no setor teve um pico em 2011, quando começaram os diversos projetos da Petrobras para criar a infraestrutura para exploraĂ§Ă£o do chamado prĂ©-sal, porĂ§Ă£o do subsolo que se encontra sob uma camada salina situada alguns quilĂ´metros abaixo do leito do mar.

A assessoria da Petrobras confirmou Ă  BBC Brasil que prevĂª investimentos de US$ 53,4 bilhões no prĂ©-sal para o perĂ­odo entre 2011 e 2015. Somente nas Ă¡reas de cessĂ£o onerosa (Ă¡reas que o governo concedeu Ă  Petrobras - Lei 12.276/2010) serĂ£o investidos US$ 12,4 bilhões.

Com isso, a participaĂ§Ă£o do prĂ©-sal na produĂ§Ă£o brasileira de petrĂ³leo deve passar dos atuais 2% em 2011 (dado mais recente disponĂ­vel) para 18% em 2015 e para 40,5% em 2020.

Apesar de liderar a demanda por profissionais estrangeiros da Ă¡rea petrolĂ­fera, a Petrobras nĂ£o contrata diretamente estes profissionais.De acordo com a legislaĂ§Ă£o brasileira, que rege a estatal, nĂ£o Ă© permitida a participaĂ§Ă£o de estrangeiros nos processos seletivos pĂºblicos da empresa. Somente brasileiros ou portugueses que tenham adquirido o direito de morar e viver no Brasil participam dos concursos.

A Petrobras terceiriza a contrataĂ§Ă£o de profissionais estrangeiros. Estes trabalham para empresas brasileiras ou estrangeiras.

O engenheiro francĂªs Guillaume Pringuay, que trabalha para a multinacional Technip, Ă© um dos estrangeiros que estĂ¡ ajudando o Brasil a desenvolver a tecnologia para exploraĂ§Ă£o petrolĂ­fera em bacias de grande profundidade, em parceria com a Petrobras.

Entre os anos de 2009 e 2012, ele trabalhou especificamente com projetos para familiarizar engenheiros brasileiros com a tecnologia para operações em Ă¡guas profundas.

'Fizemos um trabalho muito grande de troca de experiĂªncias com os brasileiros. Os engenheiros no Brasil ganharam excelente experiĂªncia nos Ăºltimos anos, mas infelizmente eles ainda sĂ£o poucos para a grande demanda da exploraĂ§Ă£o em grande profundidade', disse Pringuay em entrevista Ă  BBC Brasil.

Para ele, os desafios da prospecĂ§Ă£o de petrĂ³leo em profundidades acima de 2 mil metros ainda vai exigir que o Brasil continue trazendo profissionais estrangeiros nos prĂ³ximos anos.

'Ainda haverĂ¡, por algum tempo, a necessidade do Brasil trazer engenheiros do exterior para suprir a demanda da exploraĂ§Ă£o de Ă¡guas profundas. JĂ¡ habilitamos a tecnologia para prospecĂ§Ă£o em atĂ© 2.500 metros de profundidade no Brasil, mas ainda precisamos de mais gente trabalhando nisso', explicou o engenheiro francĂªs.

Os especialistas em recursos humanos confirmam a tendĂªncia de mais contratações de estrangeiros na Ă¡rea petrolĂ­fera do Brasil.

'Na Ă¡rea naval, por exemplo, vemos muitos profissionais da Filipinas e atĂ© de paĂ­ses nĂ³rdicos (trabalhando no Brasil)', disse a BBC Brasil Agilson Valle, diretos da Talent Boutique, uma consultoria de RH especializada na busca de profissionais que queiram trabalhar na AmĂ©rica Latina.

'Começamos a ver também muitos profissionais de outros países produtores na América Latina, como Colômbia, Venezuela e México', disse ela.

'Mas nesse setor os profissionais ficam por menos tempo no paĂ­s ou em contratos de rotaĂ§Ă£o.


NĂºmero de estrangeiros em MacaĂ© cresce com a exploraĂ§Ă£o do petrĂ³leo na cidade


Eles chegam Ă  cidade principalmente para trabalhar no mercado off shore. JĂ¡ sĂ£o mais de 15 mil estrangeiros vivendo na cidade.
MacaĂ© estĂ¡ se adaptando para receber um grande nĂºmero de estrangeiros. Nos Ăºltimos sete meses, o Governo Brasileiro bateu um recorde de liberaĂ§Ă£o de vistos. Eles chegam Ă  cidade principalmente para trabalhar no mercado off shore. Em 2010, 2.383 pessoas de fora do paĂ­s chegaram a MacaĂ©. JĂ¡ no ano passado, foram 2.800. A expectativa Ă© que 2012 supere os anos anteriores e, com a exploraĂ§Ă£o do petrĂ³leo, esse nĂºmero deve aumentar ainda mais. JĂ¡ sĂ£o mais de 15 mil estrangeiros vivendo na cidade.
Cerca de 32.900 trabalhadores desembarcaram no Brasil entre janeiro e julho deste ano; 2.520 a mais que no mesmo perĂ­odo do ano passado. De acordo com o MinistĂ©rio do Trabalho, a mĂ£o de obra norte americana ainda Ă© a mais requisitada para o trabalho no Brasil, e o setor que mais absorve estes trabalhadores de outros paĂ­ses Ă© o de trabalho a bordo de plataformas e embarcações estrangeiras.
A crise na Europa Ă© um dos aspectos que trazem os trabalhadores para o Brasil. Os portugueses, segundo a Secretaria de Trabalho e Renda, tambĂ©m sĂ£o outra fatia significativa. A vinda dos estrangeiros movimenta a economia e força o mercado a investir em qualidade e atendimento.

 
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