terça-feira, 26 de março de 2013

DENUNCIA GRAVE!!! NĂƒO IREMOS ESQUECER!!! Telecomunicações: entregaremos tambĂ©m as fibras Ă³ticas?



Publicado originalmente no Portal “Outras MĂ­dias

Na Campanha pela Banda Larga publica e gratuita!!!

Este Ă© o ministro Paulo Bernardo. E notem bem que ele Ă© do PT, que deveria defender os interesses  do Estado e do povo brasileiro!!

A histĂ³ria nos prega peças. O Ministro das Comunicações do Governo Dilma, ligado ao Partido dos Trabalhadores, cogita a possibilidade de doar bilhões em bens considerados pĂºblicos Ă s teles em troca de investimentos em redes de fibra Ă³ptica das prĂ³prias empresas. A infraestrutura essencial para os serviços de telecomunicações, minimamente preservada na privatizaĂ§Ă£o de FHC, serĂ¡ entregue Ă s mesmas operadoras para que estas façam aquilo que deveria ser obrigaĂ§Ă£o da prestaĂ§Ă£o do serviço.
Quando o Sistema Telebras foi vendido em 1998, a telefonia fixa passou a ser prestada por concessionĂ¡rias. Essas empresas receberam da estatal toda a infraestrutura necessĂ¡ria Ă  operaĂ§Ă£o do serviço, a qual foi comprada por alguns bilhões de reais. Definiu-se um prazo para as concessões e os bens a ela relacionados foram regulados como reversĂ­veis, isto Ă©, devem voltar Ă  UniĂ£o ao final dos contratos de concessĂ£o para nova licitaĂ§Ă£o. SĂ£o bens submetidos ao interesse pĂºblico, que retornam Ă  posse do Poder PĂºblico para que, terminada a concessĂ£o, a UniĂ£o defina com quem e como deve se dar continuidade Ă  prestaĂ§Ă£o, jĂ¡ que Ă© ela a responsĂ¡vel pelo serviço de acordo com a ConstituiĂ§Ă£o Federal.
Esse modelo de concessĂ£o foi adotado em razĂ£o de uma escolha crucial do Governo FHC, a aplicaĂ§Ă£o de regime jurĂ­dico ao serviço de telefonia fixa condizente com sua essencialidade – o regime pĂºblico. Ele permite ao Estado exigir metas de universalizaĂ§Ă£o e modicidade tarifĂ¡ria das empresas concessionĂ¡rias, alĂ©m de regular as redes do serviço como reversĂ­veis.
Antes da privatizaĂ§Ă£o, de 1995 a 1998, foram investidos bilhões de recursos pĂºblicos para preparar as empresas para os leilões. A planta da telefonia fixa quase dobrou. Posteriormente Ă  venda, as redes reversĂ­veis se desenvolveram para cumprir metas de universalizaĂ§Ă£o previstas nos contratos de concessĂ£o a serem concluĂ­das atĂ© 2005. A ampliaĂ§Ă£o da cobertura foi viabilizada pela tarifa da assinatura bĂ¡sica, reajustada durante muitos anos acima da inflaĂ§Ă£o e atĂ© hoje com valor injustificadamente elevado.
AlĂ©m desse incremento dos bens da concessĂ£o, a infraestrutura da telefonia fixa se tornou suporte fundamental para a oferta de acesso Ă  banda larga no paĂ­s. Mesmo as redes que eventualmente nĂ£o tenham relaĂ§Ă£o direta com o telefone, apresentam ligaĂ§Ă£o financeira com ele. Afinal, tambĂ©m durante anos, e ainda hoje, houve subsĂ­dio cruzado ilegal da concessĂ£o Ă s redes privadas de acesso Ă  Internet. A telefonia, que deveria ter tarifas menores, passou a se constituir na garantidora da expansĂ£o da banda larga conforme critĂ©rios de mercado e de interesse econĂ´mico das operadoras.
Assim, a medida cogitada pelo Ministro Paulo Bernardo aponta ao menos dois graves problemas. Primeiro, ela significa a transferĂªncia definitiva ao patrimĂ´nio das teles de bilhões em bens que constitucional e legalmente deveriam retornar Ă  UniĂ£o, pedindo em troca que essas empresas invistam em si mesmas, ou seja, em redes que serĂ£o para sempre delas. Segundo, a doaĂ§Ă£o bilionĂ¡ria envolveria grande parte da espinha dorsal das redes de banda larga no paĂ­s, enfraquecendo ainda mais o Estado na conduĂ§Ă£o de polĂ­ticas digitais. Como se nĂ£o bastasse, essa medida significaria o suspiro final do regime pĂºblico nas telecomunicações, com a prestaĂ§Ă£o da telefonia fixa passando exclusivamente ao regime privado.
Diante do desafio de especificar quanto das redes atuais de telecomunicações sĂ£o ligadas Ă  telefonia fixa ou resultado de suas tarifas, o arranjo em avaliaĂ§Ă£o sem dĂºvida simplifica o processo em favor das operadoras. NĂ£o sĂ³ isso, minimiza as vergonhosas consequĂªncias de atĂ© agora jĂ¡ ter sido vendido um nĂºmero considerĂ¡vel de bens reversĂ­veis sem autorizaĂ§Ă£o ou conhecimento da Anatel, que deveria tĂª-los controlado desde as licitações, mas nĂ£o o fez efetivamente.
Se aprovada tal proposta, o nosso saldo serĂ¡ a privatizaĂ§Ă£o do que resta de pĂºblico nas telecomunicações e o profundo desprezo pelo carĂ¡ter estratĂ©gico da infraestrutura de um serviço essencial como a banda larga. Estaremos diante do desrespeito violento Ă  determinaĂ§Ă£o constitucional de que a UniĂ£o Ă© a responsĂ¡vel pelos serviços de telecomunicações, na medida em que perderĂ¡ o direito de interferir na gestĂ£o de redes que passarĂ£o a ser exclusivamente privadas.
A justificativa ensaiada para essa operaĂ§Ă£o Ă© a de que, por um lado, os bens da concessĂ£o estĂ£o se desvalorizando e, por outro, de que Ă© preciso disseminar fibra Ă³ptica pelo paĂ­s e nĂ£o hĂ¡ como obrigar as empresas a investirem onde nĂ£o existe interesse econĂ´mico. PorĂ©m, o que o Governo quer Ă© encontrar novo subterfĂºgio para nĂ£o enfrentar sua falha central nesse campo: o nĂ£o reconhecimento da banda larga como serviço essencial.
A necessĂ¡ria tarefa de levar banda larga e redes de fibra Ă³ptica a todo o Brasil poderia ser realizada sem a transferĂªncia de bens de interesse pĂºblico Ă  iniciativa privada se o Governo garantisse a prestaĂ§Ă£o da banda larga tambĂ©m em regime pĂºblico. Como visto, esse regime confere ao Estado maiores prerrogativas para exigir o cumprimento de obrigações por parte das empresas. Paralelamente, o modelo regulatĂ³rio atualmente desenhado prevĂª mecanismos pĂºblicos de subsĂ­dio para parte dos investimentos impostos.
O principal deles Ă© o Fundo de UniversalizaĂ§Ă£o dos Serviços de Telecomunicações (FUST), com recursos constantemente contingenciados pelo Governo Federal. De acordo com a lei que o instituiu, o FUST sĂ³ pode ser utilizado para o cumprimento de metas de universalizaĂ§Ă£o, obrigaĂ§Ă£o que se refere apenas a serviços prestados em regime pĂºblico. Nesse caso, o financiamento pĂºblico para a ampliaĂ§Ă£o das redes das operadoras se justifica pelos seguintes motivos: (i) o dinheiro se destina somente Ă  parte dos investimentos que nĂ£o pode ser recuperada com a exploraĂ§Ă£o do serviço; (ii) os valores das tarifas sĂ£o controlados para que o serviço seja acessĂ­vel Ă  populaĂ§Ă£o, contemplando-se tambĂ©m acessos gratuitos; e (iii) a rede construĂ­da nĂ£o Ă© patrimĂ´nio definitivo das operadora, pois sua posse volta Ă  UniĂ£o ao final da concessĂ£o. Com tais garantias, outros subsĂ­dios poderiam ser estudados e aplicados sem significar favorecimento das teles.
Entretanto, o Governo mantĂ©m a prestaĂ§Ă£o da banda larga exclusivamente em regime privado, criando alternativas ilegais e bastante complicadas para lidar com a demanda de ampliar as conexões Ă  Internet no paĂ­s e, ao mesmo tempo, evitar o enfrentamento com os poderosos interesses privados. Ao invĂ©s de submeter as grandes empresas do setor Ă s obrigações do regime pĂºblico, opta pela frouxa negociaĂ§Ă£o da oferta de planos de banda larga popular, por emprĂ©stimos pouco transparentes do BNDES, pela desoneraĂ§Ă£o de tributos na ordem de 6 bilhões de reais para a construĂ§Ă£o de redes privadas, pela defesa da utilizaĂ§Ă£o do FUST tambĂ©m em regime privado e, agora, considera admissĂ­vel a doaĂ§Ă£o Ă s teles dos bens que restaram da privatizaĂ§Ă£o para que elas invistam em redes prĂ³prias, nĂ£o reversĂ­veis.
Nunca antes na histĂ³ria desse paĂ­s se tratou com tamanha leviandade serviços essenciais e redes estratĂ©gicas!

 
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