sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

CĂ¢mara instala painel de 5 metros em homenagem aos torturados

Personagem do primeiro time das artes plĂ¡sticas nacionais, popularizado pelo traço suave e inventivo que marcou as capas de clĂ¡ssicos da MĂºsica Popular Brasileira, Elifas Andreato concluiu ontem a instalaĂ§Ă£o do painel “A verdade ainda que tardia”, de 5m por 1,80m, que retrata as atrocidades sofridas pelos presos polĂ­ticos durante a ditadura militar no Brasil. (Clique sobre a imagem para visualizar em alta resoluĂ§Ă£o.)

A obra serĂ¡ inaugurada hoje, Ă s 15 horas, na CĂ¢mara dos Deputados, durante a solenidade de devoluĂ§Ă£o simbĂ³lica dos mandatos de 173 parlamentares cassados entre 1964 e 1977. O painel foi doado pelo artista ao Congresso Nacional e deverĂ¡ ficar exposto permanentemente no corredor de acesso ao plenĂ¡rio, por onde circulam cerca de 10 mil pessoas por dia.
Elifas descreve seu trabalho no desenvolvimento da obra como um mergulho intenso e sombrio, que lhe custou horas de angĂºstia e sofrimento durante trĂªs meses.
“É um retrato do horror. Do meu jeito, Ă© um documento definitivo sobre esse perĂ­odo”, define o artista. “Eu denuncio a barbĂ¡rie sem rodeios”, diz.
Ele conta que procurou registrar o sofrimento humano em situações extremas, com foco especial nas mulheres. Uma das homenageadas Ă© Dodora, codinome de Maria Auxiliadora Barcelos, que foi militante e companheira de cela da presidente Dilma Rousseff. Depois de libertada, ela nĂ£o suportou conviver com a memĂ³ria do cĂ¡rcere e deu fim Ă  vida. Ao lado de sua assinatura, Andreato registrou: “DoDORa”.
Elifas rechaça a inevitĂ¡vel comparaĂ§Ă£o com “Guernica”, obra de Pablo Picasso, de 1937, que retrata os horrores da guerra civil espanhola, admitindo apenas a identidade de temas. “EstĂ£o lĂ¡, no meu painel, imagens reais dos mĂ©todos de tortura praticados na AmĂ©rica Latina”.
Ele estĂ¡ consciente de toda espĂ©cie de paixões e revoltas que sua obra vai suscitar. “JĂ¡ imagino os Bolsonaros que vĂªm por aĂ­”, desabafou. Por isso, faz uma recomendaĂ§Ă£o aos futuros visitantes.
- É como no conto do Eduardo Galeano, em que um filho pede ao pai que o leve para conhecer o mar e, diante da imensidĂ£o azul, pede mais, que o ajude a olhar. Eu recomendo que as pessoas levem alguĂ©m para ajudĂ¡-las a olhar o quadro”, diz. (AE)

Detentos fazem reparos e limpeza em escolas de Curitiba

As instalações de nove escolas dos municĂ­pios de Pinhais, Piraquara e Curitiba estĂ£o recebendo uma sĂ©rie de melhorias, como reparos em alvenaria, pintura de paredes e muros, limpeza e capinagem dos terrenos. O trabalho estĂ¡ sendo feito por detentos do regime semiaberto do Sistema PenitenciĂ¡rio Estadual, por meio do Projeto Escola CidadĂ£. 

"O colĂ©gio ficou mais bonito e toda a comunidade escolar aprovou essa iniciativa. A convivĂªncia foi um aprendizado para todos nĂ³s", conta Andrea Franceschini, diretora do ColĂ©gio Estadual Walde Rosi GalvĂ£o, de Pinhais, onde os detentos pintaram as paredes externas, o muro e o letreiro da escola e fizeram serviços de jardinagem e limpeza recentemente. 

O vice-governador e secretĂ¡rio da EducaĂ§Ă£o, FlĂ¡vio Arns, destaca a iniciativa do Projeto Escola CidadĂ£ como um exemplo de solidariedade e mobilizaĂ§Ă£o pela educaĂ§Ă£o. "A aĂ§Ă£o conjunta das secretarias da EducaĂ§Ă£o e da Justiça contribui para que o detento interaja com a sociedade por meio do trabalho", disse. 

O detento A.D.S, 30 anos, que estĂ¡ participando do projeto, relatou que, alĂ©m da chance de ressocializaĂ§Ă£o, o trabalho nas escolas tem sido uma grande oportunidade de interagir com a comunidade. "Estamos aqui empenhados para que este projeto dĂª certo. Espero que este trabalho continue com outras pessoas", disse. 

Escolas - As escolas beneficiadas com o projeto sĂ£o os colĂ©gios estaduais Guido Straub, GuaĂ­ra e Zacarias, de Curitiba; as escolas Semiramis de Barros Braga, Paulo Freire, Amyntas de Barros e Walde Rosi GalvĂ£o, em Pinhais; e os colĂ©gios Ivanete Martins de Souza e Mario Braga, em Piraquara. 

MĂ£os amigas pela paz - 
O Projeto Escola CidadĂ£ Ă© fruto do Pacto Movimento MĂ£os Amigas pela Paz, assinado entre representantes dos poderes Executivo, Legislativo e JudiciĂ¡rio do Estado do ParanĂ¡, MinistĂ©rio PĂºblico, Defensoria PĂºblica do ParanĂ¡ e Ordem dos Advogados do Brasil-OAB/PR, em abril de 2012. O pacto simboliza o novo modelo de gestĂ£o da execuĂ§Ă£o penal no ParanĂ¡ e tem por objetivo promover ações conjuntas para o aprimoramento da gestĂ£o do Sistema Penal e o respeito Ă  dignidade humana. 

Segundo o coordenador do grupo gestor do Movimento MĂ£os Amigas, JosĂ© Augusto Pichet, o propĂ³sito do projeto Ă© oferecer oportunidades de reinserĂ§Ă£o dos presos. "Esse programa foi concebido com duas vertentes principais. Procuramos auxiliar na recuperaĂ§Ă£o dos espaços dos estabelecimentos de ensino e ao mesmo tempo possibilitar que os detentos tenham uma oportunidade de reinserĂ§Ă£o, podendo adquirir ou aprimorar conhecimentos profissionais", destaca. 

O Escola CidadĂ£ possui trĂªs modalidades de aĂ§Ă£o: mutirĂ£o, aĂ§Ă£o continuada e reforma dos conjuntos escolares, com trabalhos de reforma de carteiras, capina, limpeza e pintura. A aĂ§Ă£o começou a ser desenvolvida no inĂ­cio de 2012 em dois colĂ©gios de Piraquara. Agora nove colĂ©gios estĂ£o sendo beneficiados. 

Para a secretĂ¡ria estadual da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Maria Tereza Uille Gomes, esta aĂ§Ă£o traz reflexos positivos para a comunidade escolar, para o Estado, para o bairro e para o municĂ­pio. "Com o trabalho, o detento tem a possibilidade de ressocializaĂ§Ă£o e reinserĂ§Ă£o na sociedade", disse.

 
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