sábado, 26 de maio de 2012

Anistiado Anivaldo Pereira Padilha defende julgamento justo de seus torturadores


Por Najla Passos

Brasília- Em um julgamento emocionante, a Comissão de Anistia reconheceu, por unanimidade, a condição de anistiado político do jornalista Anivaldo Pereira Padilha, 71 anos, pai do ministro da Saúde, Alexandre Padilha. O julgamento ocorreu na terça (22), momento antes do que negou o mesmo status ao Cabo Anselmo, agente infiltrado da ditadura militar.

Editor de um jornal da Igreja Metodista de São Paulo, na década de 1960, ele militava na organização clandestina de esquerda Ação Popular (AP). Em consequência disso, foi preso e barbaramente torturado pelos agentes do regime. E, posteriormente, obrigado a viver no exílio, impedido do convívio com a família.
Anivaldo terá direito a receber uma pensão mensal de R$ 2.484, além do pagamento retroativo de R$ 229,3 mil, referente ao período em que o processo tramitou. Mas o que mais o deixou mais contente foi receber o pedido de perdão do estado brasileiro pelos crimes cometidos contra ele. “Eu sinto que minha dignidade como cidadão e brasileiro, hoje, foi restaurada”, afirmou.
Em entrevista à imprensa logo após o julgamento, ele falou sobre a necessidade de se estabelecer a verdade histórica no país. Defendeu o julgamento justo dos seus torturadores. Criticou a forma como a lei estabelece a reparação financeira aos anistiados. E, também, a interpretação da Lei da Anistia, de 1979, reafirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 2010.
O senhor está de alma lavada?
Bastante. Me sinto bastante leve, agora. Hoje realmente se encerra um ciclo importante da minha vida. As decisões da Comissão da Anistia, ao estabelecer seu voto, especialmente, pedir perdão em nome do estado brasileiro, ao pedir perdão pelos crimes que a ditadura cometeu contra nós, é uma forma de restaurar nossa dignidade. Eu sinto que minha dignidade como cidadão e brasileiro, hoje, foi restaurada.
No seu depoimento, o senhor citou o nome dos seus torturadores e pediu que a denúncia fosse encaminhada à Comissão da Verdade e ao Ministério Público. O senhor acha que eles devem ser julgados?
Eu acho que sim. E não é uma questão de vingança, revanche. Vingança seria se eu quisesse pegar esses torturadores e colocá-los no “pau-de-arara”, na “cadeira do dragão”. Ou que quisesse julgá-los de forma sumária, como todos nós fomos. Eu estou propondo que [ a denúncia] seja encaminhada ao Ministério Público para que faça as investigações. Se for o caso, que faça as denúncias e que eles sejam julgados com amplo direito à defesa. E porque eu e muitos de nós propõem isso? Porque, no Brasil, vivemos uma tradição de impunidade. Talvez o período mais sombrio da história do Brasil, além da ditadura, tenha sido a escravidão. E Rui Barbosa mandou queimar e destruir os documentos da escravidão. Nós temos uma tradição de acordo entre as elites do Brasil para que sempre seja mantida a impunidade. Eu creio que se os crimes cometidos pelo Estado Novo tivessem sido investigados - e os torturadores, assassinos e mandantes, punidos - talvez o golpe de 1964 não tivesse ocorrido e, especialmente, o estado de terror estabelecido a partir de 1964, não teria ocorrido. Não é questão de punir pensando no passado, mas punir pensando no futuro. Os torturadores continuam aí nas prisões e delegacias de todo o pais, porque sabem que podem ficar impunes.
O senhor pode repetir os nomes dos seus torturadores?
São vários. Tem o capitão Albernaz, o capitão Coutinho, o capitão Guimarães, o capitão Homero, o delegado Baêta e outros. Alguns já morreram. O Albernaz, por exemplo, eu soube que morreu, mas alguns estão na reserva. Alguns civis continuam aí. Há delegados ainda atuando.
E seria capaz de reconhecê-los?
Sim sem dúvidas, mesmo passados 40 anos, eu tenho certeza que os reconheceria.
O Senhor ficou satisfeito com os valores da indenização?
Eu não me preocupei muito com os valores. É claro que eu necessito. É importante, porque vai possibilitar que eu me aposente. Mas eu tenho uma vida simples e nunca fui atrás de riqueza e nem de dinheiro. A Lei que regula o trabalho da Comissão da Anistia estabelece uma reparação baseada em termos trabalhistas. E aí você perpetua a injustiça que há na sociedade. Porque que um profissional liberal ou intelectual tem que receber mais que um camponês ou um operário?
O senhor achou ruim testemunhar e reviver esta história densa e pesada?
Não achei ruim, não. Na verdade, sempre pensei que, no momento em que houvesse o julgamento, eu gostaria de estar presente. Por dois motivos. Primeiro, porque eu nunca me neguei a falar sobre aquele per[iodo. O que é também um processo terapêutico. Quanto mais colocamos para fora aquilo que passamos, mas fácil é superar. Segundo, é importante contar esta historia, porque muitas pessoas da nova geração não tem conhecimento, em geral. E pessoas que viveram na época, sob terror, evitavam obter informação. Não é penoso. É emocionante. Eu me emociono toda vez que falo sobre o período, porque eu me lembro dos companheiros que morreram, me lembro do sofrimento da minha família, da impossibilidade de conviver com meus filhos.
Como o senhor encara o fato do Cabo Anselmo pedir anistia tal como o senhor, que sofreu a perseguição da ditadura para a qual ele trabalhou?
Ao fazer o requerimento de anistia e pedir reparação, o Cabo Anselmo está cumprindo o papel que ele sempre cumpriu, que é o de agitador externo, um agitador infiltrado. Um sujeito que foi agente infiltrado, que teve um papel fundamental na preparação do golpe, com a Revolta dos Marinheiros, que foi o principal pretexto usado pelos militares para dar o golpe de estado. A violação da hierarquia militar foi liderada pelo Cabo Anselmo quando ele já era um agente golpista. Depois continuou como agente infiltrado. Ele mesmo confessou que foi responsável pela morte demais ou menos 200 companheiros. Ou seja, ele continuou como agente da ditadura. Se, por acaso, ele foi demitido ou sofreu qualquer coisa, foi para manter a fachada de aparência de alguém que não era infiltrado. O que ele quer é simplesmente turvar as águas.
O senhor acha que a Lei da Anistia precisa sofrer uma revisão para que torturadores sejam punidos?
Eu não diria uma revisão, mas uma reinterpretação correta. Essa Lei da Anistia foi imposta pelos militares. É uma auto-anistia. Claro que nos serve também, mas é uma auto-anistia. E é uma reinterpretação o que precisa, porque quando eles dizem que a Lei perdoa crimes conexos, isso não se aplica aos torturadores. Por exemplo, eu cometi um crime conexo, de acordo com a Lei de Segurança Nacional. Eu era militante de uma organização clandestina de esquerda que lutou contra a ditadura. Para me proteger, principalmente na clandestinidade, eu tinha um documento falso. Isso é um crime conexo. Um crime que cometi paralelamente. Os militares, não. A anistia não se aplica a eles porque se tratam de crimes cometidos por agentes do estado. Quer dizer, pessoas que estavam presas sob custodia do estado brasileiro. E foram torturadas, mortas, assassinadas. E ainda desapareceram com seus corpos. A Lei da Anistia não se aplica. O que há é o resultado de mais um acordo entre a elite para manter a impunidade.

27 bairros de Curitiba e região têm abastecimento de água interrompido


O abastecimento de água vai ser cortado em 27 bairros de Curitiba, Piraquara e São José dos Pinhais. O corte acontece a partir de hoje à tarde e vai até a manhã de segunda-feira (28). Obras na estação de tratamento do Iguaçu e no reservatório do Portão são a causa da paralisação.
Confira a lista completa de bairros sem abastecimento:
Em Curitiba:
Água Verde, Alto Boqueirão, Boqueirão, Cajuru, Capão Raso, Cidade Industrial, Guabirotuba, Jardim das Américas, Uberaba, Parolin, Rebouças e Prado Velho, , Fany, Portão, Fazendinha, Guaíra, Lindóia, Vila Izabel, Santa Quitéria, Novo Mundo, Pinheirinho, Seminário, Xaxim, Hauer, Ganchinho e Sítio Cercado.
Em Piraquara:
Guarituba e Guarituba Pequeno.
Em São José dos Pinhais:
Academia, Boneca do Iguaçu, Cidade Jardim, Centro, Iná, Ipê, Guatupê, Roseira, Rio Pequeno.

Entrevista com Paulo Abrão: “A reparação é devida às vítimas da violência”


Instalada na semana passada, a Comissão da Verdade trabalhará integrada à Comissão de Anistia, ligada ao Ministério da Justiça e em andamento há 11 anos. O secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão, destacou que essa integração ajudará as duas frentes de investigação a promover a indentificação das violações graves aos direitos humanos e de seus autores, não apenas os que cometeram crimes físicos.
“A violência de uma ditadura não é medida pela pilha de corpos que ela é capaz de produzir, mas pela cultura autoritária e de medo que faz com que a sociedade fique receosa de exercer suas liberdades”, afirmou o secretário.
Abrão, que é presidente da Comissão de Anistia, esteve em Curitiba na última quinta-feira para proferir uma palestra para estudantes da Unibrasil sobre a Comissão da Verdade e sua relação com os tribunais de justiça. Em entrevista à Gazeta do Povo, na qual ressaltou a importância da busca por uma narrativa da história brasileira, principalmente no que se refere ao período da ditadura militar.
Existe um impasse entre a sociedade civil e os militares sobre a apuração dos crimes cometidos durante a ditadura pela Comissão da Verdade. Qual o objetivo de continuar buscando a verdade sobre essa época?
É importante conhecer as violações que o Estado produziu ao longo do tempo. O esquecimento é tradicional no Brasil. Nunca enfrentamos as piores transgressões da nossa história, como a escravidão, a Guerra do Paraguai e a própria ditadura militar. Por isso, este momento de mudança de olhar sobre o passado para aprender com os erros é tão relevante. A perspectiva de punição depende da decisão do nosso poder judiciário e aguardamos um pronunciamento do Supremo Tribunal Federal sobre os embargos que a Ordem dos Advogados apresentou.
A Comissão da Verdade tem caráter investigativo e não prevê punição aos autores dos crimes evidenciados. Quais seriam os efeitos da Comissão se ela fosse punitiva?
Nenhuma Comissão da Verdade do mundo assumiu uma perspectiva punitiva. Ela deve construir uma narrativa da história, promover a sistematização das violações graves e a identificação dos autores dos crimes. Somente um sistema de justiça pode aplicar penalidades e, eventualmente, afastar legislações que atrapalham as investigações. Por mais expectativa que as vítimas tenham de que a Comissão possa gerar a abertura de ações criminais no futuro, isso dependerá, única e exclusivamente, do Poder Judiciário.
Como ocorre a integração entre a Comissão da Verdade e a de Anistia?
Acertamos três medidas principais de integração. A primeira é de disponibilizar todo o acervo acumulado nos dez anos de trabalho da Comissão da Anistia. São depoimentos gravados, registros das vítimas e 70 mil processos administrativos que formam o maior acervo da história do país. Em segundo lugar, faremos reuniões periódicas para troca de dados e, do mesmo modo, a Comissão da Verdade também disponibilizará suas informações. Por fim, teremos encontros de metodologia para que haja uma sinergia entre o que tivermos produzindo em torno dos levantamentos históricos para que tudo seja aproveitado pelas duas Comissões.
Nesta semana, a Comissão de Anistia indeferiu o pedido de reparação do ex-praça da Marinha José Anselmo dos Santos, o Cabo Anselmo. Na ocasião, o senhor afirmou que “é juridicamente impossível o Estado reparar quem assumiu o papel de violador dos direitos humanos”. Qual a tendência seguida no julgamento desses militares?
Temos um conjunto de militares que foram perseguidos políticos e se apresentaram na Comissão da Anistia. Eles não aceitaram a instrumentalização da repressão e boa parte acabou expulsa das forças militares. Essas pessoas têm anistia. Já os militares que serviram à repressão proporcionam situações diferentes. Nenhum estado de direito concebe premiar os causadores das violações de direito humanos. A reparação é devida às vítimas da violência e é por isso que a Comissão de Anistia negou o pedido do Cabo Anselmo.
O senhor acredita que a Comissão da Verdade deve cumprir o prazo de dois anos para finalização dos trabalhos?
Estou otimista que sim. Tudo depende da metodologia e do estafe administrativo que a Comissão da Verdade utilizará para desenvolver seus trabalhos. É possível fazer isso em dois anos. Se, ao final dos trabalhos, se verificar que é necessário um tempo a mais para que tudo seja averiguado, que se negocie com o parlamento brasileiro no futuro.
Quase 50 anos depois do golpe, como o senhor vê a volta da discussão sobre os crimes militares no Brasil?
É uma oportunidade para o país fazer uma reflexão profunda de que não é possível que, em determinados momentos da história, algumas pessoas possam usurpar o poder de modo ilegítimo e implantar um regime autoritário de violações aos direitos básicos da cidadania. A criação da consciência de rejeição ao autoritarismo é um passo significativo para a democratização das próprias relações sociais. A democracia é um processo, não um fim em si mesma. Temos que estar permanentemente atentos e semeando seus valores.
Temas considerados fundamentais pela Or­­­ganização das Nações Unidas, como a busca pela paz e a garantia dos direitos humanos, estão sempre em pauta nos grandes encontros internacionais. Como o Brasil se encontra nessa discussão, visto a dificuldade entre os próprios aliados da presidente Dilma Rousseff na aprovação da PEC do Trabalho Escravo, pr exemplo?
A ampliação dos direitos humanos é um processo que envolve a mobilização da sociedade civil. Depois que a democracia foi instalada, a sociedade brasileira se fortalece, cada dia mais, com as organizações autônomas, movimentos sociais e entidades representativas. Ela tem exigido novas conquistas e ampliação do campo jurídico de proteção da cidadania. A ideia de que os direitos humanos devem ser a base de todas as relações políticas e sociais não é aceita por determinados setores mais conservadores da sociedade. É uma disputa permanente, mas o Brasil tem avançado no campo dos direitos humanos com conquistas significativas.
O senhor defende o projeto de lei sobre imigração, que está há três anos no Congresso Nacional. A Secretaria Nacional de Justiça tem uma posição contrária à Secretaria de Assuntos Estratégicos, ligada à Presidência da República, no que diz respeito ao favorecimento da entrada de imigrantes qualificados em detrimento de mão de obra não capacitada. Por quê?
O tratamento da matéria sobre imigração deve seguir o princípio da não discriminação e seletividade na entrada de imigrantes no Brasil. Isso causa um ambiente de diferenciação por classes sociais ou níveis de escolaridade que não pode ser adotado, segundo o princípio de igualdade garantido na nossa constituição. Hoje, o Brasil voltou a ser um país de atratividade para os que buscam novas oportunidades para suas vidas. Nesse instante, precisamos reafirmar a nossa vocação e tradição de ser um país democrático, aberto a todos e receptivo aos migrantes, que sempre cumpriram um papel estratégico e fundamental para o desenvolvimento econômico, histórico e cultural do Brasil.

A maior manifestação de desobediência civil da história do Canadá

“Rio Vermelho” nas ruas de Montreal e panelaço diário contra as leis de “austeridade” e a “Lei 78”, anti-tumultos







Caiu na boca e no mouse do povo


Ninguém consegue se manter totalmente alheio aos vídeos virais, já que, mesmo quem insiste em não acessá-los, irá ouvir o relato no mundo “off-line”. O G Ideias desta semana apresenta um pouco do pensamento teórico e prático sobre o assunto. De um lado, pesquisadores tentam entender o que torna uma gravação um “meme”, uma informação viralizada. De outro, publicitários se esmeram para produzir o mesmo efeito e promover seus clientes. O resultado é uma mescla de postagens engraçadas ou “fofas” que misturam o espontâneo ao planejado.
A fabricação de um viral
Yuri Al’Hanati
A publicidade, tão logo percebeu o valor da principal função da internet – a troca massiva de informações — ficou atenta aos movimentos dos usuários na rede para encontrar meios de divulgar produtos. Nessa busca, a difusão de vídeos virais que se popularizou graças ao aumento da banda larga e das redes sociais provou ser um terreno fecundo para marcas de postura mais ousada e criativa. “Basicamente, na teoria o viral promete uma difusão rápida, com muita exposição e pouco recurso”, explica o gerente de marketing digital da GVT, Sérgio Coelho. Segundo ele, o viral publicitário ainda é um terreno pouco desbravado, com grande potencial para as marcas, mas afirma: “Não há uma fórmula clara para que um vídeo se torne viral, e mesmo os que dizem ter recursos não dão nenhuma garantia por conta de inúmeras variáveis que influenciam o resultado final”.
Mesmo assim, os profissionais da área procuram encontrar elementos para facilitar o sucesso de um vídeo na internet. “O humor é um deles. Algo inusitado, que chama a atenção e diverte, ao mesmo tempo tem um grande potencial viral”, afirma o gerente de marketing digital. Ele cita como exemplo a campanha “Pôneis Malditos”, da Nissan, veiculada no ano passado, primeiro na televisão e depois na internet. Para Coelho, a campanha foi um sucesso porque tomou uma atitude ousada em relação ao concorrente sem perder o humor nem se esquecer das qualidades que o carro oferece. O resultado pôde ser visto na prática. De acordo com uma reportagem da revista Veja publicada em setembro do ano passado, as vendas da Nissan subiram 81% em relação ao mesmo período no ano anterior, e o produto anunciado vendeu 110% a mais.
Influência
Obviamente, nem todos os vídeos virais têm humor. A campanha da operadora Vivo para o Dia dos Namorados de 2011 usou a canção “Eduardo e Mônica”, da banda Legião Urbana, para contar uma história de amor moderna. De acordo com Vinicius Zimmer, coordenador de mídia on-line na Agência CASA, parte do JWT Group, a campanha da Vivo, mais do que resgatar um clássico do pop, validou-se com pessoas influentes. “Antes de lançarem o comercial, eles fizeram uma avaliação junto aos fã-clubes da banda, que reúnem pessoas críticas, que conhecem a música e podem se posicionar contra ou a favor da campanha. Conquistando esse público, eles conquistaram o resto. Em outros casos, pessoas influentes são usadas para espalhar o vídeo, mas é preciso entender que sempre há um grande investimento para tentar tornar o vídeo viral”.
À importância de agentes influenciadores Zimmer atribui a teoria da difusão de inovações, publicada em 1962 pelo sociólogo americano Everett Rogers. Resumidamente, segundo ele, a população está distribuída em cinco categorias ao longo de uma curva quase simétrica. Em uma ponta estão os inovadores (2,5% da população), pessoas ousadas que difundem um produto pela primeira vez; 13,5% são os adeptos iniciais, que seguem os inovadores; 34% são a maioria inicial, que indicam propriamente a difusão do produto; outros 34% são a maioria tardia, que aderem após um certo tempo; e por fim, 16% são os retardatários, que conhecem o produto por último. “Cruzar o abismo entre os adeptos iniciais e a maioria inicial é a garantia do produto de massa”, diz Zimmer.
Utilidade
Sendo assim, por que, afinal, nem todos os comerciais bem humorados se tornam virais? Nem só de humor e agentes influenciadores depende o sucesso de uma campanha. Paradoxalmente, afirmam os especialistas, a falta de fórmulas para o viral é a fórmula para o sucesso. “Veja a campanha para capturar o Kony, por exemplo. É um vídeo de 30 minutos, algo completamente fora do padrão dos virais. É sério, político, e conseguiu 100 milhões de acessos em seis dias”, conta Zimmer. O coordenador de mídia afirma que, como este exemplo, o bom vídeo viral tem três grandes elementos: “Primeiro, há o suspense, no qual se apresenta um problema; depois, há a atenção, que alerta para a importância de se fazer algo; e por fim, há a utilidade, apresentando uma possível solução. Isso vale para os “Pôneis Malditos”, que mostram que a Nissan tem a melhor potência do mercado, ou para o “Eduardo e Mônica”, que mostra a grandiosidade dessa história de amor. A grande sacada do vídeo do Kony foi colocar nas mãos dos internautas o poder de mudar algo no mundo real. Isso é utilidade e isso sempre motiva as pessoas a viralizar”.
Celebridades espontâneas
Há um ano uma banda desconhecida de Curitiba invadiu o precioso tempo livre dos usuários de internet – aquele momentinho em que teríamos algo mais importante para fazer, mas simplesmente precisamos ver o vídeo enviado por um conhecido via Facebook, Twitter ou e-mail. “Oração” era um clipe com pouca pretensão, criado para divertir o punhado de fãs do grupo curitibano e, quem sabe, ajudar a fortalecer o projeto. Os integrantes da Banda Mais Bonita da Cidade nunca imaginaram que o compartilhamento daquela gravação pudesse se tornar um viral, atingindo 1 milhão de visualizações após quatro dias. Hoje, o número já ultrapassa os 10 milhões.
“Era algo que não se via acontecer com coisas musicais”, disse à reportagem o diretor do clipe e tecladista da banda, Vinícius Nisi. Depois deles, virou sucesso Michel Teló, e o mesmo aconteceu com gente sem talento evidente, como a engraçada família que postou sua versão do gospel de “Galhos Secos”, de Paulo César Baruk, no vídeo conhecido como “Para Nossa Alegria”.
Como fenômenos assim acontecem? Existe um espalhador inicial, alguém influente que primeiro decide que aquele vídeo merece ser compartilhado? Por que alguns vídeos específicos se tornam virais, e outros não? E pior, o gosto por vídeos muitas vezes bobos estaria erodindo o gosto e interesse cultural do brasileiro?
O Caderno G Ideias deste sábado não irá responder nada disso. O estudo das transformações na cultura midiática é tão recente que poucos ousam fazer afirmações conclusivas. Há, porém, diversos pesquisadores imersos nessas questões, como Henry Jenkins, o papa da cultura midiática, tido por alguns como “sucessor de Marshall McLuhan” – por sua vez, o filósofo que melhor entendeu a revolução dos meios de comunicação de massa.
Jenkins cita o teórico Pierre Lévy e sua crença de que a inteligência coletiva das comunidades virtuais irá, ou melhor, está “gradualmente alterando o modo como a cultura de massa opera”.
Novas velhas fontes
Enquanto “memes” como os vídeos virais criam celebridades instantâneas – basta lembrar da Luíza, que já voltou do Canadá –, os espalhadores de tais pérolas não são exatamente novos formadores de opinião.
Esse é um campo de interesse da professora do programa de pós-graduação em Comunicação na Universidade Federal do Paraná Kelly Prudêncio. “Existe uma abertura de espaço para fontes que não são as habituais, afinal, a internet é o reino da expressão. Agora, nem todo mundo tem a capacidade, conhecimento e estratégia política para se fazer ouvir.” Ou seja, o divisor de águas entre ser acessado apenas pelos amigos ou por metade da cidade parece ser a velha e boa credibilidade da fonte.
Isso parece claro em casos com o do clipe de “Oração”, em que uma comunidade de artistas e amigos intelectualizados deu o pontapé inicial para o espalhamento do vídeo.
De acordo com pesquisas da área, o sucesso na divulgação na rede é obtido como “extensão de grupos que já têm alguma tradição de mobilização fora da internet. Ela não mobiliza sozinha, e sim acelera contatos”, sugere Kelly.
Isso não explica a difusão de banalidades. “A grande dificuldade é separar o joio do trigo. Quanto mais capacitada, competente comunicativamente, mais fácil a pessoa organiza a informação. Quem não tem isso, fica à mercê dessas bobagens.”
De casa para a massa
Mesmo conceituados meios de comunicação de massa perceberam a “extraordinária fonte de energia” do interesse surgido de forma “autônoma” na internet, para usar duas expressões de Jenkins. Basta ver a transformação ocorrida nos principais portais de informação jornalística do país, onde ganham cada vez mais espaço os canais destinados a celebridades instantâneas e vídeos do momento, não importa qual a sua relevância.
Mas teóricos como Kelly estão otimistas com o futuro. “Isso não significa que a política ou o debate público tenha perdido consistência. Prefiro acreditar que é sintoma de uma mudança na maneira como as pessoas se comunicam publicamente, algo que ainda vamos entender.”
Engana-se quem se julga ileso a bobagens simplesmente porque não assiste aos vídeos que recebe. Assim como a celebridade pode estar a cliques de distância, basta pôr o pé no “mundo off-line” para ser bombardeado por novas atrações. Faça o teste: corra para a rua e depois acesse o Youtube – o próximo meme já deve estar lá . (GP)

Marcha das Vadias é realizada simultaneamente em 15 cidades brasileiras hoje


A 2ª edição brasileira da Marcha das Vadias será realizada neste sábado (26) simultaneamente em 15 cidades do país, entre elas São Paulo (SP), Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Recife (PE), Salvador (BA) e Natal (RN).
Em algumas outras cidades brasileiras o evento já foi realizado ou só vai ocorrer após a data da mobilização nacional. Como é o caso de Belém (27 de maio), João Pessoa (9 de junho) e Macapá (2 de junho). Neste ano, serão realizadas ao menos 22 manifestações pelo país, 10 a mais do que no ano passado.
Além de chamar a atenção aos diversos tipos de violência sofridos pelas mulheres --verbal, física ou sexual--, a mobilização pretende combater a responsabilização das vítimas pela violência sofrida e ressaltar os direitos do sexo feminino.
A manifestação é inspirada no movimento mundial intitulado "Slut Walk", criado em abril do ano passado, após um oficial da polícia de Toronto, no Canadá, dizer que, para evitar estupros, as mulheres deveriam deixar de se "vestir como vadias".
A declaração gerou protestos em países como Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, França, Holanda, Portugal, Israel, Índia, Argentina, México, Nicarágua e Colômbia.

Curitiba:

Ato em apoio a Marcha Nacional das Vadias



Sábado, 26/05, às 18:00, no Pátio da Reitoria.



Ato em apoio a Marcha Nacional das Vadias 2012!

Movimento pelo fim da culpabilização da mulher em casos de agressão sexual.

Histórico:
Ato Vadio

Em 2011 diversas cidades do Brasil e do mundo participaram da Slutwalk, a Marcha das Vadias, que levou milhares de pessoas às ruas pelo fim da culpabilização da vítima nos casos de agressão sexual.


Em 2012 o movimento cresceu e transformou-se na Marcha Nacional das Vadias. Representantes de diferentes cidades brasileiras uniram-se para fortificar a causa e explicar ao país qual é o foco do movimento.
Os números da violência de gênero no país são assustadores. Mulheres, crianças, gays, lésbicas e pessoas trans são agredidas física, psicológica e sexualmente todos os dias no país. Nossa cultura é extremamente tolerante com esse tipo de violência e ainda justifica: Ah, mas ela pediu, né? Olha como está vestida?
Para questionar este padrão de pensamento e mobilizar a sociedade brasileira para o debate sobre a violência, a sexualidade e a construção do gênero o Brasil todo vai às ruas neste sábado, 26/05.
São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Brasília, Belo Horizonte, Florianópolis, Natal, Recife, Vitória, São Carlos, São José dos Campos e Guarulhos já confirmaram a Marcha para o dia 26. Outras cidades aderiram ao movimento e irão realizar a Marcha nos meses de junho e julho.

Em Curitiba o dia 26/05 será marcado pelo lançamento da Marcha das Vadias CWB 2012 e pelo Ato Vadio em apoio a Marcha Nacional das Vadias.
O Ato está marcado para as 18:00, no pátio da Reitoria (Rua Amintas de Barros, entre as Ruas Dr. Faivre e Gen. Carneiro).
Será apresentado o manifesto 2012 e o material gráfico para divulgação (flyers, cartazes, lambes, bottoms).

A Marcha das Vadias de Curitiba 2012 será no dia 14/07, às 11:00. Concentração no Passeio Público.


Ato da Comissão da Verdade na USP: Fabio Konder Comparato

Pense e Dance - Barão Vermelho

 
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