sexta-feira, 13 de julho de 2012

Batalhão da Polícia do Exército, onde funcionou o DOI-Codi na ditadura militar, vai apurar ‘cântico da morte’


O comandante do 1º Batalhão de Polícia do Exército, coronel Aroldo Cursino, vai abrir sindicância para apurar o comportamento de um grupo de militares durante uma corrida na Rua Barão de Mesquita, no Rio. De acordo com informações divulgadas nesta quinta-feira por Ilimar Franco, no Panorama Político do GLOBO, soldados do quartel, onde funcionou o DOI-Codi na ditadura militar, correram na quarta-feira pela manhã na Rua Barão de Mesquita, na Tijuca, cantando: “Bate, espanca , quebra os ossos. Bate até morrer”. O instrutor então perguntava: “E a cabeça?”. Os soldados respondiam: “Arranca a cabeça e joga no mar”. No final o instrutor perguntava: “E quem faz isso?”. E os soldados respondiam: “É o Esquadrão Caveira!”.
— Vou fazer uma sindicância para saber se houve alguma coisa nesse sentido. Quero fazer uma apuração rigorosa para que isso fique registrado. Nossa unidade é muito querida e nunca tivemos reclamação de mau comportamento — afirmou o comandante.
O coronel Cursino diz que, desde que assumiu o comando há três anos, criou uma cartilha de cantos para corridas, e os oficiais são orientados a conduzir os exercícios somente com os canções previamente aprovadas.
— Nós nunca levamos nenhuma canção agressiva à comunidade. Assim que fiquei sabendo reuni meus oficiais e sargentos e perguntei a todos quem teria cantado essa canção. Nenhum deles disse ter cantado, mesmo assim mandei que elementos à paisana percorressem a região para saber se tinha ocorrido esse tipo de canção e até agora ninguém me relatou o ocorrido — defendeu-se o comandante.
— Nossos grupamentos são pelotão ou companhia. Não temos um “esquadrão caveira”. Não estou dizendo que não foi cantado, mas não é usual. A primeira transgressão grave é a falta com a verdade. Não vou dizer que é impossível, mas a probabilidade (de alguém ter mentido) é pequena.
O líder do PSOL, deputado Chico Alencar, cobrou nesta quinta-feira explicações do Ministério da Defesa sobre o episódio, e a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados também manifestou “repúdio a esses procedimentos, reiterando que seu conteúdo confronta princípios da nossa Constituição”.
No mesmo dia, o Grupo Tortura Nunca Mais do Rio recebeu uma ameaça por telefone na sede do grupo, conforme informou nota na coluna de Ancelmo Gois. De acordo com a presidente do grupo, Victória Grabois, uma voz de homem, demonstrando tranquilidade, declarou: “Estou ligando para dizer que nós vamos voltar e que isso aí vai acabar”.
— A última ameaça foi há cinco anos. Acho isso muito sério e já avisamos para todo mundo ficar atento — disse Victória.
Para ela, a ameaça tem a ver com o início das atividades da Comissão da Verdade e com a intermediação do Tortura Nunca Mais no caso do cadete Márcio Lapoente da Silveira, que morreu em treinamento em 1990. A entidade intermediou um acordo há cerca de dois meses, no qual o Exército se comprometeu a colocar uma placa na Academia Militar das Agulhas Negras, especificando que o cadete morreu em treinamento no local. (AG)



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