domingo, 24 de julho de 2011

O terrorista viking da extrema-direita

Rui Martins, de Genebra

Reprodução

Anders tinha imaginado os atentados há dois anos.

O assassino norueguês é cristão fundamentalista, é contra o Islã, o multiculturalismo, a mestiçagem, os imigrantes e contra o trabalhismo democrático que governa o país.

Alguns jornais americanos e europeus mais apressados foram logo atribuindo à Al-Qaeda os atentados cometidos em Oslo, na Noruega, no qual morreram 92 pessoas e restam cinco desaparecidas. A razão invocada parecia evidente – seria em represália aos soldados noruegueses no Afganistão, à participação nos bombardeios na Líbia ou às caricaturas de Maomé.

Mas se enganaram. O autor dos atentados não usa turbante, nem se chama Mohamed ou Mustafá, nem tem barba, nem grita Alá é Grande e nem se suicidou como costumam fazer os kamikases islamitas.

É um autêntico escandinavo, alto e magro como um manequim, de cabelos loiros, rosto branco longo, bem escanhoado e olhos azuis. Suas fotos estão hoje em todos os jornais, na televisão, na Internet e na memória dos pais que perderam seus filhos queridos.

Anders Behring Breivik, legítimo descendente dos vikings, é o que as mulheres chamariam de um homem bonito com cara de anjo, que qualquer pai deixaria sair de noite com sua filha.

Engano fatal. Anders Behring Breivik é um assassino, cruel, impiedoso, que, na ilha de Utoya, passou uma hora e meia descarregando seu fuzil-metralhadora nos jovens participantes de um acampamento promovido pelo Partido dos Trabalhadores e teria matado um número maior, se não fosse a chegada de policiais alertados por desesperados twiters.

Ex-membro de um partido nacionalista, da direita populista da Noruega, na verdade da extrema-direita. O Partido do Progresso, seu nome, reúne os defensores dos ideais conservadores e quer a proteção da Noruega contra a invasão dos imigrantes estrangeiros, coisa de 10% de trabalhadores, que deixaram seus países ensolarados para terem emprego e bom salário no frio mas rico país exportador de petróleo.

Anders Behring Breivik é nacionalista, defende os valores culturais e religiosos do cristianismo fundamentalista, é contra o Islã ou religião muçulmana, contra o multiculturalismo, contra a mestiçagem da sociedade ocidental, contra os imigrantes e contra o socialismo trabalhista democrático que governa o país. Frequentou um clube de tiro ao alvo, donde sua precisão no massacre perpretado, tinha revólver e fuzil-metralhadora em casa e aprendeu a fazer bomba com adubo agrícola. Bombas, diga-se de passagem, mais potentes que as usadas pela Al-Qaeda.

O bonito e angelical norueguês lembra um americano também capaz de colocar em prática seu ódio ideológico. Lembra Timothy McVeigh, do atentado também contra um prédio administrativo em Oklahoma City, no qual morreram 168 pessoas, em abril de 1965. Timothy era branco, jovem de 26 anos, e se sentia atraído pelas idéias extremistas dos neonazistas. E igualmente não se suicidou após o massacre cometido. Talvez se possa dizer que tanto Timothy como Anders sentiram-se satisfeitos por terem concluído seus projetos de ódio.

E se o autor dos atentados fosse islamita ? Provavelmente, haveria uma represália e se responsabilizaria a coletividade muçulmana. Porém, como Anders é noruegues, militante de extrema-direita como provam seus escritos sob pseudônimo na Internet e seu plano de massacre datado de 2009, não haverá uma responsabilização do fundamentalismo cristão, nem da ideologia da extrema-direita, que cresce nos países escandinavos. Se não aparecerem cúmplices nos atentados, Anders será considerado simplesmente um louco solitário e ponto final.(Publicado originalmente no Direto da Redação)

Rui Martins, jornalista, escritor, líder emigrante, correspondente em Genebra

Número de brasileiros sozinhos triplica em 20 anos. Já são 6,9 milhões

A família tradicional, com pai, mãe e três filhos, está cada vez mais rara no Brasil. Pela primeira vez na história, o número de pessoas morando sozinhas ultrapassou o das famílias com cinco integrantes. Hoje, os domicílios com apenas um morador já são 12,2% do total, ante 10,7% das residências com cinco pessoas. Os brasileiros solitários já somam 6,9 milhões – quase três vezes mais que os 2,4 milhões de 1991.

Os dados constam de um recorte inédito feito pelo Estado nos dados do Censo Demográfico de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa revela que o País está seguindo uma tendência internacional: há cada vez menos gente dividindo o mesmo teto. Em 1960, a média de moradores por domicílio era de 5,3 pessoas. Cinquenta anos depois, caiu para 3,3. Ainda assim, é bem maior do que a proporção em países europeus e nos Estados Unidos: por volta de 2,5.

Existem, porém, duas grandes diferenças no aumento dos “solitários” brasileiros registrado na última década. A primeira é a intensidade – de 2000 para cá, o ritmo de crescimento dos domicílios com apenas um morador foi cerca de 15% maior do que na década anterior. A outra é a participação das cidades médias: morar sozinho era um comportamento mais restrito às grandes cidades. Mas, nos últimos dez anos, o avanço de casas e apartamentos com apenas um morador foi quase 40% maior em cidades de 100 mil a 500 mil habitantes que nos grandes municípios.

Razões

As principais explicações para esse fenômeno são o crescimento no número de idosos e o aumento na renda média do brasileiro. Porto Alegre, líder no ranking dos solitários entre as capitais, com 21,6%, é o melhor exemplo da primeira razão. A cidade gaúcha é também a capital que conta com mais moradores com mais de 60 anos (15%). Como regra geral, quanto mais velha a população, maior o número de pessoas morando sozinhas após criar os filhos, se divorciar ou ficar viúva.

Florianópolis, segundo lugar na lista das capitais, é um exemplo de como a renda influencia na quantidade de pessoas morando sob o mesmo teto. Como a cidade é a capital com maior renda per capita por domicílio, há mais pessoas com condições de bancar todos os custos de manter uma casa ou um apartamentos apenas com seu salário.

Já São Paulo ocupa um lugar intermediário: é a 8ª capital com maior renda per capita, 5ª colocada no ranking da terceira idade e 7ª das que, proporcionalmente, mais têm domicílios com apenas um habitante. No total dos municípios brasileiros, a maior média é de Herval (RS), no interior gaúcho, onde 26,6% dos moradores vivem sozinhos. Na outra ponta está Ipixuna, no Amazonas – lá, a alta proporção de indígenas faz menos de 1% dos lares ter só um morador. (AE)


GLADIADOR, O VEÍCULO ANTIPOVO DE RENATO CASAGRANDE


Depois de bombardear um bairro em Aracruz, para retirar os moradores a tiro, e de ter mandado a polícia de repressão política, o famigerado batalhão Bate, Mata e Espanca (BME) reprimir estudantes na rua, agora ele compra um veículo de repressão social. O Gladiador é um blindado para reprimir o povo nas ruas.

Palestina: a mais nova nação


22 julho 2011
Dentro de quatro dias, o Conselho de Segurança da ONU se reunirá e o mundo terá oportunidade de aceitar uma nova proposta capaz de reverter décadas de fracasso nas negociações para a paz entre Israel e Palestina: o reconhecimento da Palestina como Estado pela ONU.

Mais de 120 países do Oriente Médio, África, Ásia e América Latina já endossaram essa iniciativa, mas o governo de direita de Israel e os Estados Unidos opõem-se veementemente a ela. Portugal e outros importantes países europeus ainda estão indecisos, mas uma gigantesca pressão pública agora poderá convencê-los a votar a favor dessa importante oportunidade de dar fim a 40 anos de ocupação militar.

As iniciativas de paz lideradas pelos EUA têm fracassado há décadas, enquanto Israel tem confinado o povo palestino a pequenas áreas, confiscando suas terras e impedindo sua independência. Esta nova e corajosa iniciativa poderá ser a melhor oportunidade de impulsionar a solução do conflito, mas a Europa precisa assumir a liderança. Vamos construir um apelo global em massa para que Portugal e outros importantes países europeus endossem imediatamente a proposta de soberania e vamos deixar claro que cidadãos de todos os cantos do mundo apoiam essa proposta legítima, não-violenta e diplomática. Assine a petição e envie esta mensagem a todos os seus contatos:

Às lideranças da França, Espanha, Alemanha, Portugal e Reino Unido, ao Alto Representante da UE e a todos os países-membros da ONU:

Pedimos-lhes que endossem a proposta legítima de reconhecimento do Estado palestino e a reafirmação dos direitos do povo palestino. Chegou a hora de reverter décadas de fracasso nas negociações para a paz, acabar com a ocupação e buscar uma paz baseada em dois Estados.
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Tesouros ocultos: Ukiyo-e ("pinturas do mundo flutuante" ou "da vida que passa

Ukiyo-e são estampas coloridas feitas a partir da impressão de blocos de madeira com tinta à base de água. Trata-se de uma técnica e estilo desenvolvidos durante o período Edo (1603-1868), lugar escolhido pelos samurais da casa Tokugawa para ali fixar seu xogunato. Tóquio naquela época era apenas a capital administrativa que atraía comerciantes devido à presença periódica da aristocracia guerreira. Com a urbanização do final do século 16, surge assim uma classe de comerciantes e artesãos ao redor de Edo (atual Tóquio) que começaram a escrever e gravar histórias compiladas em livros chamados "ehon" ("livro-pintura").

O Ukiyo-e inicialmente surgiu dessas ilustrações, mas logo as imagens se tornaram independentes como cartazes do teatro kabuki ou como calendários, por exemplo. Muitas delas foram baseadas na vida urbana e seu caráter é essencialmente popular, pois nunca foram valorizadas como autênticas obras de arte pela elite, que apreciava sobretudo o que se produzia em Kioto, residência do imperador até a restauração Meiji. Pelo fato de poderem ser reproduzidas, essas obras poderiam ser adquiridas pela classe menos abastada.

O significado da palavra Ukiyo-e ("pinturas do mundo flutuante" ou "da vida que passa", em japonês) retrata um momento em que se celebra a vida em um período de paz após uma série de guerras que assolaram o país entre o século 12 e 15. Essa celebração da vida em seu aspecto fugaz curiosamente tem seu contraponto na Europa com a arte holandesa, que muitas vezes retrata a vanitas, as naturezas-mortas, e que também registram o tempo volátil que tudo transforma.

Nesse período, o comércio com o exterior se centralizava nas mãos dos holandeses após a expulsão de portugueses e espanhóis, suspeitos de tentativa de dominação política através da religião cristã. Como afirma Madalena Hashimoto, grande especialista no assunto: "O artista Hokusai estuda métodos ocidentais com os holandeses, únicos ocidentais cuja presença é permitida, confinados na ilha artificial de Deshima em Nagasaki após o século 16 (...) a xilogravura assimila o Ocidente por meio da Holanda, não só na perspectiva com ponto de fuga e no claro-escuro, mas também no interesse minucioso, enciclopédico, com que se descrevem atividades humanas, flores pássaros, plantas, insetos, tecidos, penteados, fantasmas, monstros".

A origem dessa técnica é atribuída às obras monocromáticas de Hishikawa Moronobu na década de 1670, posteriormente foi aprimorada por Suzuki Harunobu, que criou a impressão policrômica (Nishiki-e, em torno de 1765). Ao longo de 200 anos, destacam-se três fases: no início, utilizava-se apenas tinta preta, em seguida acrescenta-se uma ou duas matrizes de cores até surgir a policromia. A temática envolve temas como cortesãs e os atores de kabuki, e em seguida surgem as vistas famosas. Muitas imagens tinham uma finalidade educativa e uniam o belo ao útil. O desenho é talhado e pintado em blocos de madeira e, depois, passado para o papel de arroz. Em sua última fase, essa técnica alcançou o seu maior nível de aprimoramento, ganhando riqueza nos traços e equilíbrio na combinação das cores.

Durante a era Kaei (1848-1854), muitos navios mercantes estrangeiros desembarcaram no Japão. Segundo Claudio Mubarac "as estampas chegaram à Europa como peças comerciais, tanto quanto as cerâmicas, os tecidos, etc., na voga dos orientalismos e do japonismo mais especificamente". Depois da restauração Meiji, em 1868, o Japão absorveu do Ocidente novas técnicas como fotografia e a impressão mecânica.

Aluísio Azevedo em seu livro inacabado sobre o Japão (1897) lamenta a ocidentalização advinda da abertura dos portos e a consequente perda da cultura tradicional. Paradoxalmente, quando o ukiyo-e saiu de moda durante o bunmei-kaika transformou-se numa fonte permanente de inspiração para artistas europeus como Manet, Toulouse-Lautrec, Van Gogh, Matisse. A sutileza do traçado, a riqueza e autonomia cromática dessas gravuras de fato ampliaram os horizontes dos impressionistas, abrindo as portas para uma arte na qual o jogo permanente entre o desenho e a cor pautados na superfície do papel demarca a passagem para a arte moderna.

Embora os artistas da última fase como Hokusai ou Hiroshige sejam os mais populares, e são ensinados na escola primária como grandes artistas, as lojas que ainda vendem essas obras são frequentadas apenas por estrangeiros. Nishiharu é a loja mais antiga de Kioto, com 90 anos de existência. Ao contrário de outras lojas importantes como a Ezoshi, com 30 anos, e a Yoshikiri, de 23 anos, este lugar preserva um universo intimista sem vitrines em seu interior, recoberto por tatami e rodeado por caixas de madeira para guardar as gravuras.

Todos os dias, das 14 às 19 horas, o senhor Hitoshi Sekigawa alterna com seu filho Shiyo, a condução desse negócio familiar. Harukichi Nishimura, o patriarca, faleceu há 20 anos, e o nome da loja Nishiharu é uma variação do sobrenome haru (primavera), mura (vila), nishi, (oeste). Os negócios não andam muito bem desde o último terremoto e tsunami, no início de março, pois muitos turistas adiaram a viagem. Contudo, ele afirma que nada se compara à década de 80, quando tudo no Japão era, de fato, muito caro. Embora seja possível comprar um simples Ukiyo-e original por R$ 200, de maneira geral os japoneses consideram de antemão que o preço é exorbitante, logo, acham que esse tipo de obra deve estar guardado em um museu.

Durante todo o verão ocorre uma grande exposição de Ukiyo-e em Kyoto, com uma coleção exclusiva vinda de Hamburgo, e é possível comprar reproduções atuais totalmente artificiais a um preço bem mais caro do que esses originais mais simples ainda disponíveis nas antigas lojas. Por outro lado, os colecionadores japoneses que raramente aparecem buscam obras cada vez mais difíceis de serem encontradas. Por serem muito sensíveis à luz e à umidade, essas obras estão cada vez mais difíceis de serem encontradas. No século 20, alguns expoentes como Hasui Kawase e Ito Shinsui tentaram manter viva essa técnica. Contudo, com a profusão de mangás muitos populares, que adaptam e às vezes diluem essa enorme tradição à linguagem dos quadrinhos ocidentais, seu espírito parece se recolher para o interior de pequenas lojas como a Nishiharu, agora rodeada por uma imensa galeria comercial chamada Teramachi, onde o corre-corre do dia a dia impede que os transeuntes prestem atenção nesse pequeno tesouro.



Kitsune-wedding




Fãs de Amy Winehouse estão em estado de choque

Em frente a sua casa, o silêncio dos admiradores reflete a surpresa da morte. Um grupo fiel se mantém em vigília, enquanto diversas pessoas chegam para observar o movimento e saem, garantindo uma movimentação tranquila. Por volta das 18h30 (de Brasília, 22h30 local), cerca de cem fãs se reuniam no local. Levam flores, velas e mensagens de despedida. Muitos se abraçam e ouvem as músicas de Amy em seus fones. Diversas famílias passam pelo lugar, trazendo crianças.

"É simplesmente surreal", disse o fisioterapeuta australiano Matthew Snype, de 30 anos, que viu Amy ao vivo num show em 2004, antes do mega sucesso. "Uma loucura receber hoje essa notícia, depois do choque com o atentado em Oslo."

O silêncio em Camden Square foi quebrado por volta das 19 horas (23h de Londres), quando duas fãs vestidas como a cantora embalaram com bom pulmão a letra de "Back to Black". "Estou absolutamente devastada", afirmou uma delas, a estudante Abigail Liebovitz, de 16 anos. Sua amiga Faye Harris, também de 16 anos, se disse chocada com a perda de alguém tão jovem. "É muito estranho saber que ela se foi e não está mais aqui".

Brasileiros

Um grupo de dez brasileiros residente em Londres também veio homenagear a cantora. O publicitário Alvaro Kassab Neto, 24 anos, disse que estava triste e emocionado. "Viemos por curiosidade e também para participar do momento."

Ele contou que frequentava o pub The Hamley Arm´s, em Camden Town, às quintas-feiras, na esperança de encontrar a cantora, mas nunca conseguiu. Esse era o pub preferido de Amy, também no bairro de Camden Town.

A frente da casa da cantora está bloqueada e protegida por cinco policiais. Os fãs se concentram ao redor e depositam flores e velas junto a uma das árvores da rua. (AE)

Universidades federais têm 53 obras paradas

UF de Alagoas

UF de Juiz de Fora
O Ministério da Educação tem hoje quase 2 milhões de metros quadrados em obras nas universidades federais. A expansão e renovação das instituições, no entanto, está com 53 obras paradas em 20 diferentes universidades, segundo levantamento do próprio ministério.

São moradias estudantis, laboratórios e salas de aula que consumiram alguns milhões de reais, mas ainda não estão prontas. De acordo com o ministério, porque construtoras e empreiteiras abandonaram canteiros, faliram e ficaram sem recursos para cumprir seus compromissos.

Como consequência, estudantes assistem às aulas em espaços improvisados, avançam em suas graduações sem laboratórios prontos, sofrem com falta de bibliotecas e locais para moradia.

A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) é a que está com o maior número de obras paradas. São nove, que incluem de prédios de salas de aula no câmpus de Garanhuns a laboratórios, auditórios e bibliotecas do câmpus de Serra Talhada. Todas foram iniciadas, nenhuma delas foi inaugurada.

A empresa Erdna Engenharia Ltda, responsável pelo trabalho, teria abandonado as obras e falido. A empresa trabalhava para a UFRPE desde 2005. De acordo com o Portal da Transparência do governo federal, recebeu R$ 11,6 milhões até 2010 para tocar a expansão dos câmpus das duas cidades. O sistema não informa nem o ministério sabe dizer quanto foi pago pelas obras que não foram finalizadas.

O pró-reitor de Administração da UFRPE, Francisco Carvalho, afirma que o maior prejuízo foi a paralisação da construção dos laboratórios, necessários para o bom desempenho dos alunos dos cursos oferecidos pela unidade de Serra Talhada: Agronomia, Zootecnia, Biologia e Química. No total, o câmpus recebe 2,5 mil alunos.

A Universidade Federal de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, é a segunda com mais obras paradas. A Engepar Construtora atrasou e não cumpriu os contratos de salas de aula nos câmpus de Santa Mônica, Pontal e em Uberlândia, além da ampliação da reitoria e dos prédios de moradia.

A empresa teria alegado falta de capital de giro e a própria universidade rescindiu quatro dos contratos com base na "precária situação financeira da contratada". Em outra obra, o contrato ainda não foi rescindido.

A Engepar também tem um longo histórico de trabalhos para a UFU, iniciados em 2006. Desde então, recebeu R$ 23,6 milhões do governo. Em 2010 foram R$ 2,2 milhões e neste ano, apesar da paralisação, recebeu R$ 9 mil. Segundo o reitor Alfredo Júlio Fernandes Neto, as aulas em Ituiutaba, por exemplo, vão começar no mês que vem sem que o edifício esteja pronto.

O problema se repete na Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), que tem quatro obras paradas, entre elas uma biblioteca, um hospital veterinário e laboratórios. "As construtoras que vencem as concorrências abandonam a obra logo depois de iniciá-la", explica o superintendente de Implantação e Planejamento da instituição, Vital Pedro da Silva Paz.

A construção da biblioteca, na cidade de Cruz das Almas, é a mais atrasada. Começou há três anos e seria concluída, segundo a projeção inicial, em um ano. Hoje, o andamento da construção não chegou a 15% - e está na terceira licitação. Com isso, o valor da obra saltou de R$ 3,5 milhões para R$ 4,5 milhões. A última a abandonar a obra, a Construtora Macadame, de Feira de Santana, havia vencido a concorrência, em 2009, projetando o preço em R$ 4 milhões.

O caso que causa mais preocupação é o do hospital. "Existe um impacto acadêmico com a falta dessa estrutura", admite Paz. "Os alunos precisam ser encaminhados a outras instituições para ter acesso a essa parte prática de seus cursos."

A Universidade Federal de Goiás também tem quatro construções problemáticas. As Federais de Grande Dourados (MS), Alagoas e Espírito Santo estão com três obras paradas (mais informações nesta página).

As construtoras envolvidas nas obras não foram localizadas para falar sobre os problemas.

Justificativas. O ministro da Educação, Fernando Haddad, reclama das dificuldades que o governo federal e as instituições têm para cancelar os contratos quando há abandono ou paralisia das obras por qualquer motivo. Ele afirma que há orçamento, que foi feito um cronograma e os pagamentos estão sendo feitos em dia, mas mesmo assim as obras atrasam ou param.

"A legislação é muito desfavorável ao setor público. O mau empresário que ganha uma licitação tem penas muito pequenas. Ele não se incomoda de abandonar um canteiro, de atrasar uma obra e colocar a faca no pescoço do reitor em busca de um aditivo", afirmou em entrevista ao Estado. Haddad afirma que há casos recorrentes de empreiteiras que ganham uma licitação, iniciam um trabalho, mas quando vencem outro contrato, mais lucrativo, tiram a mão de obra do canteiro.

"A legislação deve ser aperfeiçoada no sentido de punir os empreiteiros que realmente não têm compromisso com a causa pública. Ganham licitações e depois não entregam as obras prontas." (AE)

 
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