sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O novo Datafolha: Por que a candidatura do Beto avança sobre os escombros do palanque do Osmar?


O Osmar colocou a pĂºblico a sua candidatura ao governo hĂ¡ praticamente seis anos e a sua atual posiĂ§Ă£o Ă© inferior a que obteve no primeiro turno da Ăºltima eleiĂ§Ă£o, quando obteve 38,6% dos votos. No segundo turno ele sĂ³ alavancou a sua candidatura com o apoio do PSDB/Beto e no atual processo este ele nĂ£o terĂ¡.

O RequiĂ£o, que foi o vencedor na eleiĂ§Ă£o passada, de nenhuma forma queria ver o seu nome vinculado ao do Lula, pois as pesquisas indicavam que a maioria de seus eleitores nĂ£o apoiava o mesmo. Com a vinda do Lula, que a sua revelia em comĂ­cio na Boca Maldita publicamente o apoiou, o RequiĂ£o caiu perdendo os mais de 10% de vantagem que estava conseguindo manter mesmo perante o gigantismo da campanha osmarista. Graças ao Lula os 10% se tornaram os apenas 10.000 votos de diferença.

O Pessuti, que com razĂ£o nĂ£o perdoa o RequiĂ£o por ter impossibilitado a sua candidatura, estĂ¡ de viagem marcada para os EUA e dizem que depois este irĂ¡ para a Europa, mas serĂ¡ que o RequiĂ£o o substitui no palanque?

O plebeu Paulo Rossi, cujo slogan Ă© "de ParanaguĂ¡ para o mundo", estĂ¡ fazendo a campanha do Osmar em Londres.

A Força Sindical, a CUT, CTB, setores da UGT e demais nĂ£o aceitam o comando do Feltrin, do DoĂ¡tico e do Walter Cesar e cada uma atua isolada em sue canto, pois a coordenaĂ§Ă£o imposta pela dona Thereza e o PMDB nĂ£o os representa.

O dito poder de aĂ§Ă£o do Movimento Social Ă© quase que nenhum, pois por causa da governabilidade do governo Lula este foi posto fora de aĂ§Ă£o. O MS sĂ³ se organiza em cima de questões concretas que vĂ£o de encontro aos interesses sociais e para a massa crĂ­tica que deste faz parte com certeza a candidatura do Osmar nĂ£o Ă© a parte central da sua agenda.

O seu longo processo de indefiniĂ§Ă£o, “ser ou nĂ£o ser, eis a questĂ£o”, fez com que pela falta de articulaĂ§Ă£o a organizaĂ§Ă£o profissional da campanha fosse deixada de lado e o Osmar hoje tem de se preocupar com o que deveria jĂ¡ ter sido estabelecido a mais de seis meses. O agravante neste quadro, onde predomina o nĂºmero de “caciques em vez do de Ă­ndios”, Ă© o fato de que cada nova força que chega a campanha queira se organizar a parte. Isto faz com que aconteça a dispersĂ£o de forças e de recursos.

A tĂ£o propalada aĂ§Ă£o da militĂ¢ncia organizada nĂ£o existe e a muito os ditos dirigentes do MS, salvo raras e honrosas exceções, sĂ³ atuam no comando da mĂ£o de obra paga, jĂ¡ que sĂ£o poucas as entidades que possuem a base politicamente organizada e a maior parte destas nĂ£o estĂ£o com o Osmar e sim com outras candidaturas.

Com o Osmar nĂ£o crescendo nas pesquisas muito dos empresĂ¡rios que atualmente financiam a sua campanha, que arrecadou 9,7 milhões e gastou 9,6 milhões, jĂ¡ estĂ£o com um pĂ© atrĂ¡s, pois neste meio ninguĂ©m quer ser inimigo do novo governante, e o que a realidade estĂ¡ indicando este nĂ£o serĂ¡ o “pedetista”.

O pessoal do PT diz que o que eles queriam do Osmar, embora nĂ£o saibamos em troca do que, jĂ¡ obtiveram. No caso a vaga para o senado e o palanque para a Dilma em um estado onde, por vĂ¡rios motivos, o sentimento anti-petista Ă© profundo.

O Norte do ParanĂ¡, de colonizaĂ§Ă£o em sua maioria composta por emigrantes paulistas, mineiros, etc., sendo grande parte destes constituĂ­da por descendente de emigrantes italianos, espanhĂ³is, japoneses, ingleses, etc. possui uma proximidade maior com S. Paulo, com o qual estĂ¡ economicamente ligado, do que com o Sul do Estado e diretamente com o resto do paĂ­s e lĂ¡ hĂ¡ muito tempo quem estĂ¡ no poder sĂ£o os tucanos.

Aqui no Sul do estado, onde a Gleisi tornou-se expressĂ£o maior do petismo no ParanĂ¡, sendo a sua imagem fruto de pesadas campanhas de marketing, para o PT como um todo nunca foi o grande espaço para a obtenĂ§Ă£o de seus votos. O que o PT cresceu em Curitiba e metropolitana se deve mais a ter colado a imagem de seus candidatos ao RequiĂ£o, sendo como a Gleisi o Vanhoni outro grande exemplo, do que a força real do partido.

Embora nestes processos de formaĂ§Ă£o de frentes tenham surrupiado de forma permanente muito voto do incauto e deslumbrado RequiĂ£o, hoje tentam pela força se tornarem herdeiros do mesmo. O alto comando do PT nacional, ao qual os aqui partidĂ¡rios sĂ£o subordinados, estĂ¡ em guerra com ex-aliado. Para os "ingratos" petistas, hoje perfilados ao lado do governador Pessuti, o ex-governador Ă© o principal alvo do "fogo amigo".

Para estes profissionais da polĂ­tica, que nĂ£o brincam em serviço, a questĂ£o em foco vai alĂ©m de eleger a Dilma, pois tambĂ©m passa pela eliminaĂ§Ă£o de riscos futuros e com certeza para eles o RequiĂ£o, que vive denunciando a cĂºpula do PT, Ă© um destes. Para o PT o ideal seria o RequiĂ£o nĂ£o se eleger, mas caso isto ocorra eles querem que este saia das urnas com menos votos que a Gleisi, eleitoralmente desmoralizado.

Na regiĂ£o Sul neste quadro tenso de disputa por espaços tĂ¡ticos para a construĂ§Ă£o das estratĂ©gias divergentes o choque interno serĂ¡ inevitĂ¡vel e o Osmar estĂ¡ no centro dele e logo terĂ¡ de se posicionar perante o “salve-se quem puder” instalado. Ou ficarĂ¡ com o PT do Lula/Bernardo e seu aliado Pessuti e romperĂ¡ com o RequiĂ£o, que ainda Ă© do alto de seus 48% o principal eleitor ou terĂ¡ de fazer o caminho inverso e este para ele Ă© eleitoralmente tĂ£o destrutivo como o primeiro, pois os escĂ¢ndalos envolvendo o ex-governo RequiĂ£o irĂ£o se intensificar ainda mais. É dentro deste quadro tĂ©trico que o Osmar tenta com sua campanha penetrar em Curitiba e no resto da regiĂ£o Sul.

Nesta regiĂ£o do Estado, onde o PT e o PMDB a muito sĂ£o oposiĂ§Ă£o, quem detĂ©m a quase totalidade do mando polĂ­tico eleitoral Ă© a coligaĂ§Ă£o do Beto.

No Oeste e no Sudoeste o maior problema enfrentado pela campanha do Osmar Ă© a antiga guerra eleitoral entre o PDT e o PMDB, sendo que estes nem ao menos conseguem sentar em uma mesma mesa para juntos tomarem um cafezinho. Outro problema Ă© interno, pois os brizolistas sempre terĂ£o uma grande dificuldade para aceitarem a caminhada ao lado do PT e estĂ¡ Ă© ainda maior pelo fato da Dilma ser a candidata, jĂ¡ que para estes ela sempre serĂ¡ a que o Brizola chamou de “desertora e traidora”, pois quando ela no Rio Grande do Sul rompeu com o PDT conseguiu rachar o partido ao meio.

Fora estas questões objetivas tratadas acima, que nĂ£o representam a totalidade dos aspectos que poderiam ser abordados, temos que levar em conta a imagem que o candidato apresenta ao pĂºblico. O Beto, que herdou vĂ¡rias das caracteristicas da personalidade de seu pai, Ă© uma figura empĂ¡tica, humilde e afĂ¡vel no trato com as pessoas, o que facilita a sua caminhada. O Osmar jĂ¡ possui outro perfil ao ser seco, entrospectivo e timido, o que eleitoralmente nĂ£o Ă© bom.

Neste quadro de fragmentaĂ§Ă£o, pisando sobre os escombros do palanque da coligaĂ§Ă£o do Osmar, a campanha do Beto, estando este tecnicamente e politicamente bem preparado, com força eleitoral e com seu grupo coeso, avança.

Pelo Datafolha o Beto, com 46% das intenções de voto, ante 34% de Dias, passou de 5% para 12% de diferença na contagem dos votos vĂ¡lidos.

 
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